Foi o que ocorreu. Assim que o cadáver foi descoberto,fui designado junto com um companheiro de muitos anos paraacompanhar o caso, e tivemos a notícia — quase simultânea — deque a polícia portuguesa havia descoberto o corpo de um suicidaem Guimarães, {Paulo, no parágrafo anterior foi dito que o suicida tinha viajado para a Espanha – MUDAMOS O PARAGRAFO ACIMA, É PORTUGAL} junto com um bilhete onde confessava um assassinato com os detalhes que correspondiam ao caso que tínhamos em mãos, e dava instruções para a distribuição de sua herança a instituições de caridade. Havia sido um crime passional — enfim, o amor com muita freqüência termina acabando nisso.
No bilhete que havia deixado, o morto dizia ainda queele trouxera a mulher de uma ex-república da União Soviética,fizera tudo que fora possível para ajudá-la. Estava pronto acasar-se com ela de modo que tivesse todos os direitos de umcidadão inglês, e terminara descobrindo uma carta que estavaprestes a enviar a um alemão que a convidara para passar algunsdias em seu castelo.
Nesta carta, dizia que estava louca para partir, e queele enviasse logo a passagem de avião, de modo que pudessem seencontrar o mais breve possível. Tinham se encontrado em um cafélondrino, e haviam trocado apenas duas correspondências, nadamais que isso.
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Estava diante do quadro perfeito.
Meu amigo vacilou um pouco — ninguém gosta de ter umcrime não resolvido em sua ficha —, mas eu terminei dizendo queassumiria a culpa, e ele concordou.
Fui até onde Athena se encontrava — uma simpática casaem Oxford. Com uma seringa, colhi um pouco de seu sangue. Corteipedaços de seus cabelos, queimei-os um pouco, mas nãocompletamente. De volta à cena do crime, espalhei as “provas”.
Como sabia que o exame de DNA seria impossível, já que ninguémsabia quem era sua mãe ou seu pai verdadeiros, tudo que precisavaagora era cruzar os dedos, e esperar que a notícia não tivessemuita repercussão na imprensa.
Alguns jornalistas apareceram. Contei a história dosuicídio do assassino, mencionando apenas o país, sem precisar acidade. Disse que não fora encontrada nenhuma razão para o crime,mas que estava descartada completamente a hipótese de vingança oude motivos religiosos; no meu entender (afinal, os policiais têmo direito de errar), a vítima havia sido violentada. Como deveter reconhecido seu agressor, terminou sendo morta e desfigurada.