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porque todos nós sabemos tudo, é apenas uma questão de acreditar nisso.

Acredite.

Os grupos são muito importantes, comentei com você em Bucareste, na primeira vez que nos vimos. Porque eles nos obrigam a melhorar; se você estiver sozinha, tudo que pode fazer é rir de si mesma; mas, se estiver com outros, irá rir e agir logo em seguida. Os grupos nos desafiam. Os grupos nos permitem selecionar nossas afinidades. Os grupos provocam uma energia coletiva, onde o êxtase é muito mais fácil, porque uns contagiam os outros.

Evidente que os grupos também são capazes de nos destruir. Mas isso faz parte da vida, esta é a condição humana: viver com os outros. E se uma pessoa não conseguiu desenvolver bem seu instinto de sobrevivência, então não entendeu nada do que a Mãe está dizendo.

Você tem sorte, menina. Um grupo acaba de pedir que ensine algo — e isso a transformará em mestra.

Heron Ryan, jornalista

Antes do primeiro encontro com os atores, Athena veio à minha casa. Desde que eu publicara o artigo sobre Sarah, estava convencida que eu entendia seu mundo — o que não é absolutamente verdade. Meu único interesse era chamar sua atenção. Embora eu tentasse aceitar que podia haver uma realidade invisível capaz de interferir em nossas vidas, o único motivo que me levava a isso 278

era um amor que eu não aceitava, mas que continuava se desenvolvendo de maneira sutil e devastadora.

E eu estava satisfeito com meu universo, não queria de maneira nenhuma mudar, embora estivesse sendo empurrado para isso.

— Tenho medo — disse ela assim que entrou. — Mas preciso seguir adiante, fazer o que me pedem. Preciso acreditar.

— Você tem uma grande experiência de vida. Aprendeu com os ciganos, com os dervixes no deserto, com...

— Em primeiro lugar, não é bem assim. O que significa aprender: acumular conhecimento? Ou transformar sua vida?

Sugeri que saíssemos aquela noite para jantar e dançar um pouco. Ela aceitou o jantar, mas recusou a dança.

— Me responda — insistiu, olhando meu apartamento. —

Aprender é colocar coisas na estante, ou livrar-se de tudo que não serve, e seguir seu caminho mais leve?

Ali estavam as obras que tanto me tinha custado comprar, ler, sublinhar. Ali estava minha personalidade, minha formação, meus verdadeiros mestres.

— Quantos livros tem aí? Mais de mil, imagino. E, no entanto, a grande maioria jamais será aberta de novo. Guarda isso tudo porque não acredita.

— Não acredito?

— Não acredita, ponto final. Quem acredita, vai ler como li sobre teatro quando Andrea me perguntou a respeito. Mas depois, é uma questão de deixar que a Mãe fale por você, e, à medida que fala, descobre. E, à medida que descobre, consegue completar os espaços em branco que os escritores deixaram ali de propósito, para provocar a imaginação do leitor. E, quando completa estes espaços, passa a acreditar na própria capacidade.

“Quantas pessoas gostariam de ler os livros que tem aí, mas não possuem dinheiro para comprá-los? Enquanto isso, você fica com esta energia estagnada, para impressionar os amigos que o visitam. Ou porque não acredita que já aprendeu algo com eles, e precisará consultá-los de novo.”

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Achei que estava sendo dura comigo. E isso me fascinava.

— Acha que não preciso desta biblioteca?

— Acho que precisa ler, mas não precisa guardar tudo isso. Seria pedir muito, se saíssemos agora e, antes de ir para o restaurante, distribuíssemos a maioria deles para as pessoas com quem cruzaremos no caminho?

— Não caberiam em meu carro.

— Alugamos um caminhão.

— Neste caso, jamais chegaríamos ao restaurante a tempo de jantar. Além do mais, você veio aqui porque está insegura, e não para me dizer o que devo fazer com meus livros.

Sem eles, eu me sentiria nu.

— Ignorante, você quer dizer.

— Inculto, se está procurando a palavra certa.

— Então, sua cultura não está no coração, mas nas estantes de sua casa.

Bastava. Peguei o telefone, reservei a mesa, disse que iria chegar em quinze minutos. Athena estava querendo fugir do assunto que a levara até ali — sua profunda insegurança fazia com que partisse para o ataque, em vez de olhar para si mesma.

Precisava de um homem ao seu lado, e — quem sabe? — estava me sondando para saber até onde eu podia chegar, usando aqueles artifícios femininos para descobrir se estava pronto a fazer qualquer coisa por ela.

Toda vez que estava em sua presença, minha existência parecia justificada. Era isso que ela queria ouvir? Pois bem, eu comentaria durante o jantar. Poderia fazer quase tudo, inclusive largar a mulher com quem estava agora — mas jamais distribuiria meus livros, claro.

Voltamos ao assunto do grupo de teatro no táxi, embora naquele momento eu estivesse disposto a dizer o que nunca tinha dito — falar de amor, um assunto para mim muito mais complicado que Marx, Jung, o Partido Trabalhista na Inglaterra, ou os problemas diários em redações de jornais.

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