Читаем A Bruxa de PortoBello полностью

como o amor continua vivo, embora Athena já esteja morta, a força continua presente, mas tudo que desejo é esquecer o que vi e aprendi. Só podia navegar neste mundo segurando as mãos de Athena.

Estes eram os seus jardins, os seus rios, as suas montanhas. Agora que ela partiu, preciso que tudo volte rapidamente a ser como antes; vou concentrar-me mais nos problemas do trânsito, na política exterior da Grã-Bretanha, na maneira como administram nossos impostos. Quero tornar a pensar que o mundo da magia é apenas um truque bem elaborado. Que as pessoas são supersticiosas. Que as coisas que a ciência não pode explicar, não têm o direito de existir.

Quando as reuniões em Portobello começaram a sair de controle, foram inúmeras as discussões sobre o seu comportamento, embora hoje em dia me alegre que ela jamais me tenha escutado. Se existe algum consolo na tragédia de perder alguém que amamos tanto, é a esperança, sempre necessária, de que talvez tenha sido melhor assim.

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Eu acordo e durmo com esta certeza; foi melhor que Athena tivesse partido antes de descer aos infernos desta terra.

Jamais tornaria a conseguir paz de espírito desde os eventos que a caracterizaram como “a bruxa de Portobello”. O resto de sua vida seria um confronto amargo dos seus sonhos pessoais com a realidade coletiva. Conhecendo sua natureza, iria lutar até o final, gastar sua energia e sua alegria tentando provar algo que ninguém, absolutamente ninguém está disposto a acreditar.

Quem sabe, procurou a morte como um náufrago procura uma ilha. Deve ter estado em muitas estações de metrô de madrugada, aguardando assaltantes que não vinham. Caminhou pelos bairros mais perigosos de Londres, em busca de um assassino que não se mostrava. Provocou a ira dos fortes, que não conseguiram manifestar a raiva.

Até que conseguiu ser brutalmente assassinada. Mas, no final das contas, quantos de nós escapamos de ver as coisas importantes de nossas vidas desaparecerem de uma hora para a outra? Não me refiro aqui apenas a pessoas, mas também aos nossos ideais e sonhos: podemos resistir um dia, uma semana, alguns anos, mas estamos sempre condenados a perder. Nosso corpo continua vivo, mas a alma termina recebendo um golpe mortal cedo ou tarde. Um crime perfeito, onde não sabemos quem assassinou nossa alegria, quais os motivos que provocaram isso, e onde estão os culpados.

E esses culpados, que não dizem seus nomes, será que têm consciência de seus gestos? Penso que não, porque eles também são vítimas da realidade que criaram — embora sejam depressivos, arrogantes, impotentes e poderosos.

Não entendem e não entenderiam nunca o mundo de Athena. Ainda bem que estou dizendo desta maneira: o mundo de Athena. Estou finalmente aceitando que estava ali de passagem, como um favor, como alguém que está em um lindo palácio, comendo o que existe de melhor, consciente que aquilo é apenas uma festa, o palácio não é seu, a comida não foi comprada com seu dinheiro, e em um dado momento as luzes se apagam, os donos vão dormir, os 156

empregados voltam para seus quartos, a porta se fecha, e de novo estamos na rua, esperando um táxi ou um ônibus, de volta à mediocridade do seu dia-a-dia.

Estou voltando. Melhor dizendo: uma parte de mim está voltando para este mundo em que só faz sentido aquilo que vemos, tocamos, e podemos explicar. Quero de novo as multas por alta velocidade, as pessoas discutindo nos caixas de banco, as eternas reclamações sobre o tempo, os filmes de terror e as corridas de Fórmula 1. Esse é o universo que terei que conviver pelo resto de meus dias; vou casar, ter filhos, e o passado será uma lembrança distante, que no final me fará perguntar durante o dia: como pude ser tão cego, como pude ser tão ingênuo?

Sei também que, durante a noite, outra parte de mim ficará vagando no espaço, em contato com coisas que são tão reais como o maço de cigarros e o copo de gim que tenho na minha frente. Minha alma dançará com a alma de Athena, eu estarei com ela enquanto durmo, acordarei suando, irei até a cozinha beber um copo de água, entenderei que para combater fantasmas é preciso usar coisas que não fazem parte da realidade. Então, seguindo conselhos de minha avó, colocarei uma tesoura aberta na mesa de cabeceira, e assim cortarei a continuação do sonho.

No dia seguinte, olharei para a tesoura com certo arrependimento. Mas preciso adaptar-me de novo a este mundo, ou termino ficando louco.

Andrea McCain, 32 anos, atriz de teatro

“Ninguém pode manipular ninguém. Em uma relação, os dois sabem o que estão fazendo, mesmo que um deles venha depois queixar-se que foi usado.”

Isso Athena dizia — mas agia de maneira oposta, porque fui usada e manipulada sem qualquer consideração pelos meus sentimentos. A coisa fica ainda mais séria quando estamos falando 157

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