– O vigário sabia do nosso segredo. Ele poderá dizer-lhe que ela era um anjo na terra. Foi por isso que me telegrafou e eu voltei. Que me importavam as malas e a África quando fiquei sabendo do que acontecera com o meu amor? Aí está o elo que faltava para explicar a minha ação, sr. Holmes.
– Prossiga – pediu Holmes.
O dr. Sterndale tirou do bolso um pacotinho e o colocou na nossa frente. No papel do embrulho estava escrito “”, com uma etiqueta vermelha embaixo, indicando tratar-se de veneno. Empurrou-o em minha direção.
– Sei que o senhor é médico. Já ouviu falar desta planta?
– Raiz pé do diabo. Não, nunca ouvi.
– Isto não desmerece seu conhecimento profissional – ele continuou – porque eu acho que, com exceção de um exemplar num laboratório de Budapeste, não existe outro espécime na Europa. Ainda não está devidamente catalogado na farmacopéia ou nos tratados sobre toxicologia. A raiz tem o formato de um pé, meio humano, meio animal, como o de um bode, daí o nome extravagante dado por um missionário botânico. É usado como veneno para castigos pelos curandeiros de algumas regiões da África Ocidental, e guardado como segredo entre eles. Consegui esta amostra no distrito de Ubangi, em circunstâncias muito especiais.
Abriu o pacote enquanto falava e mostrou um montinho de um pó castanho-avermelhado, parecido com rapé.
– E daí, senhor? – perguntou Holmes, incisivo.