Читаем A Tormenta de Espadas полностью

Como você pode compreender? Ainda no dia anterior Tyrion a vira, subindo a escada em espiral com um balde de água. Ficara vendo um jovem cavaleiro oferecendo-se para levar o pesado balde. O modo como ela tocou o braço dele e sorriu havia dado nós nas entranhas de Tyrion. Tinham passado a centímetros um do outro, ele descendo e ela subindo, tão perto que conseguira sentir o cheiro fresco e limpo de seus cabelos. Ela disse “Senhor” para ele, com uma pequena reverência, e ele quis estender a mão, agarrá-la e beijá-la logo ali, mas tudo que pôde fazer foi dar um rígido aceno de cabeça e seguir, bamboleando, o seu caminho.

– Vi-a várias vezes – disse a Varys –, mas não me atrevo a falar com ela. Suspeito que todos os meus movimentos estão sendo vigiados.

– Essa suspeita mostra a sua sensatez, meu bom senhor.

– Quem? – Tyrion inclinou a cabeça.

– Os Kettleblack entregam frequentes relatórios à sua querida irmã.

– Quando penso em todo o dinheiro que paguei a esses miseráveis... acha que há alguma hipótese de mais ouro reconquistá-los?

– Há sempre uma hipótese, mas eu não apostaria nisso. Eles agora são cavaleiros, todos os três, e sua irmã prometeu-lhes mais promoções. – Um risinho abafado e perverso irrompeu de entre os lábios do eunuco. – E o mais velho, Sor Osmund da Guarda Real, sonha também com outros certos... favores. Você pode igualar a rainha moeda a moeda, não duvido, mas ela tem uma segunda bolsa que é bastante inesgotável.

Sete infernos, pensou Tyrion.

– Está sugerindo que Cersei anda fodendo o Osmund Kettleblack?

– Oh, deuses, não, isso seria terrivelmente perigoso, não acha? Não, a rainha só sugere... talvez amanhã, ou depois do casamento... e depois um sorriso, um sussurro, um gracejo irreverente... um seio roçando levemente na manga dele quando se cruzam... e no entanto parece funcionar. Mas o que um eunuco poderia saber dessas coisas? – a ponta de sua língua correu pelo lábio inferior como um animal tímido e cor-de-rosa.

Se conseguisse de algum modo levá-los a fazer mais do que carícias dissimuladas, arranjar uma maneira de o pai pegá-los juntos na cama... Tyrion levou os dedos à escara do nariz. Não via como isso seria realizável, mas talvez lhe ocorresse algum plano mais tarde.

– Os Kettleblack são os únicos?

– Bom seria se assim fosse, senhor. Temo que haja muitos olhos postos em você. É... como direi? Impossível de ignorar? E não muito amado, lamento dizê-lo. Os filhos de Janos Slynt iriam denunciá-lo de bom grado para vingar o pai, e o nosso querido Lorde Petyr tem amigos em metade dos bordéis de Porto Real. Se fosse suficientemente insensato para visitar um qualquer, ele saberia de imediato, e o senhor seu pai, pouco depois.

É ainda pior do que eu temia.

– E o meu pai? Quem ele tem para me espiar?

Dessa vez o eunuco riu alto.

– Ora, eu, senhor.

Tyrion também riu. Não era suficientemente tolo para confiar mais em Varys do que era obrigado... mas o eunuco já sabia o suficiente sobre Shae para que ela fosse facilmente enforcada.

– Você vai me trazer Shae através das paredes, escondida de todos esses olhos. Como fez antes.

Varys torceu as mãos.

– Oh, senhor, nada me agradaria mais, mas... o Rei Maegor não queria ratazanas em suas paredes, se entende o que quero dizer. Ele exigiu uma maneira de sair secretamente, para o caso de ficar alguma vez encurralado por seus inimigos, mas essa porta não tem ligação com nenhuma outra passagem. Posso roubar a sua Shae da Senhora Lollys durante algum tempo, com certeza, mas não tenho como levá-la até o seu quarto sem que sejamos vistos.

– Então leve-a a outro lugar qualquer.

– Mas onde? Não há lugar seguro.

– Há. – Tyrion deu um sorriso. – Aqui. É hora de dar um uso melhor àquela sua cama dura como pedra, creio eu.

A boca do eunuco abriu-se. Depois soltou um risinho.

– Lollys cansa-se facilmente nos dias atuais. Está muito grávida. Imagino que estará dormindo em segurança por volta do nascer da lua.

Tyrion saltou da cadeira.

– Então será ao nascer da lua. Trate de arranjar algum vinho. E duas taças limpas.

Varys fez uma reverência.

– Será feito como o senhor ordena.

O resto do dia pareceu rastejar, lento como um verme em melaço. Tyrion subiu até a biblioteca do castelo e tentou se distrair com a História das guerras de Roine, de Beldecar, mas quase nem conseguia ver os elefantes, com a imaginação ocupada como estava pelo sorriso de Shae. Quando a tarde chegou, pôs o livro de lado e pediu um banho. Esfregou-se até a água esfriar, e depois ordenou que Pod aparasse sua barba. Esta era uma provação para si mesmo; um emaranhado de pelos amarelos, brancos e pretos, irregular e grosseira, raramente menos do que desagradável à vista, mas servia para esconder parte de seu rosto, e isso era sempre bom.

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