Читаем A Tormenta de Espadas полностью

– Belwas, o Forte, tem fome! – rugiu para todos e para ninguém em especial. – Belwas, o Forte, quer comer, já! – Virando-se, viu Arstan no castelo de proa. – Barba-Branca! Vai trazer comida para Belwas, o Forte!

– Pode ir – disse Dany ao escudeiro. Ele fez outra reverência e afastou-se para satisfazer as necessidades do homem a quem servia.

Sor Jorah ficou observando-o com uma carranca em seu rosto franco e honesto. Mormont era grande e corpulento, com mandíbula forte e ombros largos. Não era, de modo algum, um homem bonito, mas era o amigo mais leal que Dany alguma vez tivera.

– Seria sensata se desse um bom desconto às palavras daquele velho – disse-lhe quando Barba-Branca se afastou o suficiente para não ouvi-los.

– Uma rainha deve escutar todos – lembrou-lhe Dany. – Os de nascimento alto e baixo, os fortes e os fracos, os nobres e os venais. Uma voz pode proferir falsidades, mas em muitas sempre é possível encontrar verdade. – Lera aquilo num livro.

– Escute então a minha voz, Vossa Graça – disse o exilado. – Esse Arstan Barba-Branca está levando a senhora ao engano. É velho demais para ser escudeiro, e fala bem demais para servir àquele eunuco idiota.

Isso realmente parece estranho, Dany teve de admitir. Belwas, o Forte, era um ex-escravo, criado e treinado nas arenas de luta de Meereen. O Magíster Illyrio enviara-o para protegê-la, ou pelo menos era isso que Belwas dizia, e era verdade que ela precisava de proteção. O Usurpador, em seu Trono de Ferro, oferecera terras e uma senhoria a qualquer homem que a matasse. Uma tentativa já tinha acontecido, com uma taça de vinho envenenado. Quanto mais perto chegasse de Westeros, mais provável se tornava outro ataque. Em Qarth, o mago Pyat Pree enviara um Homem Pesaroso em seu encalço para vingar os Imortais que ela queimara na sua Casa de Poeira. Os magos nunca esqueciam uma desfeita, dizia-se, e os Homens Pesarosos nunca falhavam uma morte. A maioria dos dothraki também estaria contra ela. Os kos de Khal Drogo lideravam agora khalasares seus, e nenhum hesitaria em atacar o pequeno bando de Dany assim que o visse, para matar e escravizar seu povo e arrastar a própria Dany para Vaes Dothrak, a fim de tomar o lugar que lhe era próprio entre as velhas mirradas do dosh khaleen. Ela esperava que Xaro Xhoan Daxos não fosse um inimigo, mas o mercador qarteno tinha cobiçado seus dragões. E havia ainda Quaithe da Sombra, essa mulher estranha com máscara de laca vermelha e todos os seus misteriosos conselhos. Seria também uma inimiga, ou apenas uma amiga perigosa? Dany não sabia dizer.

Sor Jorah salvou-me do envenenador, e Arstan Barba-Branca, da mantícora. Talvez Belwas, o Forte, me salve do próximo. Ele era suficientemente enorme, com braços semelhantes a pequenas árvores e um grande arakh curvo tão afiado que poderia ter se barbeado com ele, no improvável caso de nascerem pelos naquelas bochechas lisas e marrons. Mas também era infantil. Como protetor, deixa muito a desejar. Felizmente, tenho Sor Jorah e meus companheiros de sangue. E os meus dragões, não posso esquecer. A seu tempo, os dragões seriam seus guardiães mais poderosos, tal como tinham sido para Aegon, o Conquistador, e suas irmãs trezentos anos antes. Mas, por enquanto, traziam-lhe mais perigo do que proteção. No mundo inteiro não havia mais de três dragões vivos, e eles eram seus; uma maravilha e um terror. E não tinham preço.

Refletia sobre as palavras que diria em seguida quando sentiu um sopro frio na nuca, e uma madeixa solta de seus cabelos louro-prateados se agitou contra sua testa. Por cima, a vela rangeu e moveu-se, e de repente irrompeu um grande grito em todo o Balerion.

– Vento! – gritavam os marinheiros. – O vento voltou, o vento!

Dany olhou para cima, para onde as velas da grande coca ondulavam e se enfunavam enquanto as cordas vibravam, se retesavam e cantavam a doce canção de que tinham sentido tanta falta durante seis longos dias. O capitão Groleo correu para o fundo, gritando ordens. Os pentoshi, aqueles que não estavam soltando vivas, escalavam os mastros. Até Belwas, o Forte, soltou um grande urro e executou uma pequena dança.

– Os deuses são bons! – disse Dany. – Está vendo, Jorah? Vamos de novo a caminho.

– Sim – ele disse –, mas de quê, minha rainha?

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