Читаем A Tormenta de Espadas полностью

Enquanto atravessavam o pátio, o Príncipe Oberyn de Dorne pôs-se ao lado deles, de braço dado com a amante de cabelos negros. Sansa deu um olhar de relance curioso à mulher. Era filha ilegítima, não era casada, e tinha dado duas filhas bastardas ao príncipe, mas não temia olhar nos olhos nem sequer a rainha. Shae tinha lhe dito que aquela Ellaria adorava uma deusa do amor lisena qualquer.

– Era quase uma prostituta quando ele a encontrou, senhora – confidenciara a aia – e agora é quase uma princesa. – Sansa nunca antes tinha estado tão perto da dornesa. Não é realmente bela, pensou, mas há alguma coisa nela que atrai o olhar.

– Uma vez tive a grande sorte de contemplar a cópia de Vidas de quatro reis que há na Cidadela – o Príncipe Oberyn estava dizendo ao senhor seu esposo. – As iluminuras eram uma maravilha de se ver, mas Kaeth foi muito mais amável com o Rei Viserys do que devia.

Tyrion lançou-lhe um olhar penetrante.

– Muito amável? A meu ver, ele é vergonhosamente mesquinho com Viserys. Devia ter sido Vidas de cinco reis.

O príncipe riu.

– Viserys mal reinou por uma quinzena.

– Reinou durante mais de um ano – disse Tyrion.

Oberyn encolheu os ombros.

– Um ano ou uma quinzena, que importa? Envenenou o próprio sobrinho para conquistar o trono e, depois de tê-lo, não fez nada.

– Baelor matou-se de fome com jejuns – disse Tyrion. – O tio serviu-o lealmente como Mão, tal como tinha servido o Jovem Dragão antes dele. Viserys pode ter reinado apenas por um ano, mas governou por quinze, enquanto Daeron guerreava e Baelor rezava. – Fez uma expressão amarga. – E se realmente eliminou Baelor, pode culpá-lo? Alguém tinha de salvar o reino de suas loucuras.

Sansa estava chocada.

– Mas Baelor, o Abençoado, foi um grande rei. Percorreu descalço o Caminho do Espinhaço para fazer a paz com Dorne e salvou o Cavaleiro do Dragão de um fosso de serpentes. As víboras recusaram-se a atacá-lo por ele ser tão puro e santo.

O Príncipe Oberyn sorriu.

– Se fosse uma víbora, senhora, quereria morder uma vara sem sangue como Baelor, o Abençoado? Eu preferiria reservar as minhas presas para alguém mais suculento...

– O meu príncipe está brincando com você, Senhora Sansa – disse a mulher, Ellaria Sand. – Os septões e cantores gostam de dizer que as serpentes não morderam Baelor, mas a verdade é muito diferente. Ele foi mordido meia centena de vezes, e devia ter morrido disso.

– Se tivesse, Viserys teria reinado uma dúzia de anos – disse Tyrion – e os Sete Reinos poderiam ter ficado mais bem servidos. Há quem pense que Baelor ficou demente por conta de todo aquele veneno.

– Sim – disse o Príncipe Oberyn –, mas não vi serpentes nesta sua Fortaleza Vermelha. Como explica Joffrey?

– Prefiro não explicar. – Tyrion inclinou rigidamente a cabeça. – Perdoe-nos. Nossa liteira nos aguarda. – O anão ajudou Sansa a subir e escalou desajeitadamente atrás dela. – Feche as cortinas, senhora, por gentileza.

– Precisamos, senhor? – Sansa não queria ficar fechada atrás das cortinas. – O dia está tão agradável.

– É provável que o bom povo de Porto Real atire bosta à liteira se me vir aqui dentro. Faça-nos uma gentileza, senhora. Feche as cortinas.

Ela fez o que lhe foi pedido. Seguiram em silêncio durante algum tempo, enquanto o ar ia se tornando quente e abafado em volta deles.

– Lamento por seu livro, senhor – ela obrigou-se a dizer.

– O livro era de Joffrey. Podia ter aprendido uma coisa ou outra se o tivesse lido. – Parecia distraído. – Eu devia ter sabido. Devia ter visto... uma porção de coisas.

– O punhal talvez lhe agrade mais.

Quando o anão fez uma careta, a cicatriz retesou-se e torceu-se.

– E não é que o rapaz arranjou uma maneira de ganhar um punhal? – felizmente Tyrion não esperou por sua resposta. – Joff discutiu com o seu irmão Robb em Winterfell. Diga-me, havia também maus sentimentos entre Bran e Sua Graça?

– Bran? – a pergunta confundiu-a. – Fala de antes da queda? – Teve de tentar se lembrar. Tudo se passara havia tanto tempo. – Bran era um doce garotinho. Todos gostavam dele. Lembro que ele e Tommen lutaram com espadas de madeira, mas só de brincadeira.

Tyrion caiu num silêncio taciturno. Sansa ouviu o distante tinir de correntes vindo do exterior; a porta levadiça estava sendo erguida. Um momento mais tarde ouviu-se um grito, e a liteira entrou em movimento com um solavanco. Privada do cenário que atravessavam, escolheu fitar as mãos dobradas, desconfortavelmente consciente dos olhos desiguais do marido. Por que ele está me olhando dessa maneira?

– Amava tanto os seus irmãos como eu amo Jaime.

Será isso alguma armadilha Lannister para me levar a proferir traições?

– Meus irmãos eram traidores, e partiram para sepulturas de traidores. É traição amar um traidor.

Seu pequeno esposo fungou.

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