Читаем A Tormenta de Espadas полностью

– Os lisenos dele mantiveram as galés na baía, para lá da sua corrente. Quando a batalha começou a correr mal, aportaram ao longo da costa da baía e levaram o máximo de homens que conseguiram. Perto do fim, matavam uns aos outros para conseguir embarcar.

– E Robb Stark, o que ele anda fazendo?

– Alguns dos lobos dele vão abrindo caminho a fogo na direção de Valdocaso. Seu pai mandou um tal Lorde Tarly tratar deles. Ando pensando em me juntar a ele. Dizem que é um bom soldado, e generoso com o saque.

A ideia de perder Bronn foi a gota d’água.

– Não. Seu lugar é aqui. É o capitão da guarda da Mão.

– Você não é Mão – lembrou-lhe Bronn num tom penetrante. – É seu pai que é Mão, e ele tem sua maldita guarda própria.

– O que aconteceu com todos os homens que você contratou para mim?

– Alguns morreram nas torres do guincho. Aquele seu tio, Sor Kevan, pagou os outros e nos botou para correr.

– Quanta generosidade da parte dele – disse Tyrion com acidez. – Isso quer dizer que você perdeu o gosto pelo ouro?

– Isso seria pouco provável.

– Ótimo – disse Tyrion –, porque acontece que ainda preciso de você. O que sabe de Sor Mandon Moore?

Bronn riu.

– Sei que está bem afogado, como o diabo.

– Tenho para com ele uma grande dívida, mas como pagá-la? – tocou o rosto, sentindo a cicatriz. – A bem da verdade, sei pouquíssimo sobre o homem.

– Tinha olhos de peixe e usava um manto branco. O que mais precisa saber?

– Tudo – disse Tyrion –, para começar. – O que queria eram provas de que Sor Mandon fora um homem de Cersei, mas não se atrevia a dizer isso em voz alta. Na Fortaleza Vermelha um homem fazia bem em controlar a língua. Havia ratazanas nas paredes, e passarinhos que falavam demais, e aranhas. – Ajude-me a levantar – disse, lutando com as cobertas. – Já é hora de fazer uma visita ao meu pai, e já é mais do que hora de voltar a deixar que me vejam.

– E que linda é a visão – troçou Bronn.

– O que é meio nariz num rosto como o meu? Mas, por falar em linda, Margaery Tyrell já chegou a Porto Real?

– Não. Mas está a caminho, e a cidade está louca de amor por ela. Os Tyrell têm andado trazendo comida de Jardim de Cima e dando-a em nome dela. Centenas de carroças por dia. Há milhares de homens Tyrell pavoneando-se por aí com rosinhas douradas cosidas aos gibões, e nem um deles tem pagado o vinho que bebe. Esposas, viúvas ou putas, todas as mulheres andam cedendo suas virtudes a qualquer rapazola quase sem buço que tenha uma rosa dourada no peito.

Cospem em mim, e pagam bebidas aos Tyrell. Tyrion deslizou da cama para o chão. As pernas começaram a vacilar sob seu peso, o quarto girou, e ele teve de agarrar o braço de Bronn para evitar cair de cabeça nas esteiras.

Pod! – gritou. – Podrick Payne! Onde nos sete infernos está você? – a dor mordeu-o como um cão sem dentes. Tyrion detestava a fraqueza, em especial a sua. Envergonhava-o, e a vergonha irritava-o. – Pod, venha aqui!

O rapaz veio correndo. Quando viu Tyrion em pé e agarrado ao braço de Bronn, olhou-os de boca aberta.

– Senhor. Levantou-se. Isso quer… o senhor… precisa de vinho? Vinho dos sonhos? Devo chamar o meistre? Disse que devia permanecer... na cama, quero dizer.

– Permaneci na cama tempo demais. Traga um traje limpo qualquer.

– Traje?

Tyrion nunca poderia compreender como o rapaz conseguia ter uma cabeça tão sensata e ser tão diligente em batalha e tão confuso em todas as outras situações.

– Roupa – repetiu. – Túnica, gibão, calção, meias. Para mim. Para me vestir. Para que possa sair desta maldita cela.

Foram precisos os três para vesti-lo. Por mais hediondo que seu rosto estivesse, o pior de seus ferimentos era aquele que tinha na junção do braço com o ombro, onde sua própria cota de malha tinha sido empurrada para dentro da axila por uma flecha. Pus e sangue ainda escorriam da carne descorada sempre que Meistre Frenken mudava a atadura, e qualquer movimento lhe causava uma punhalada de agonia.

Por fim, Tyrion decidiu-se por um par de calções e um roupão de quarto grande demais que sobrava em seus ombros. Bronn enfiou-lhe as botas nos pés enquanto Pod ia à procura de uma bengala em que Tyrion pudesse se apoiar. Bebeu uma taça de vinho dos sonhos para ganhar forças. O vinho era adoçado com mel, com uma quantidade de papoula suficiente apenas para tornar seus ferimentos suportáveis durante algum tempo.

Mesmo assim, estava tonto quando girou o trinco, e a descida pelos degraus de pedra em caracol fez suas pernas fraquejarem. Caminhou com a bengala numa mão e a outra apoiada no ombro de Pod. Uma criada vinha subindo quando eles desceram. Fitou-os com grandes olhos brancos, como se estivesse olhando para um fantasma. O anão ergueu-se de entre os mortos, pensou Tyrion. E olha, é mais feio do que nunca, corre para dizer aos seus amigos.

Перейти на страницу: