Читаем A Tormenta de Espadas полностью

– Tem certeza de que não cortaram seu membro? – Tormund encolheu os ombros, como que para dizer que nunca conseguiria compreender tal loucura. – Bem, agora é um homem livre, mas se não quer a moça, é melhor que arranje uma ursa. Se um homem não usa o membro, ele vai ficando cada vez menor, até que um dia quer mijar e não o encontra.

Jon não tinha resposta para aquilo. Não era de admirar que os Sete Reinos considerassem o povo livre pouco acima dos animais. Eles não têm leis, nem honra, nem sequer simples decência. Roubam-se continuamente uns aos outros, reproduzem-se como animais, preferem a violação ao casamento, e enchem o mundo de filhos ilegítimos. E, no entanto, estava começando a gostar de Tormund Terror dos Gigantes, apesar do grande saco de vento e mentiras que o homem era. E do Lança-Longa também. E Ygritte... não, não pensarei em Ygritte.

Mas com Tormund e Lança-Longa seguiam outros tipos de selvagem; homens como o Camisa de Chocalho e o Chorão, que tão depressa abririam sua goela quanto escarrariam em você. Havia Harma Cabeça de Cão, uma mulher que mais parecia um barril atarracado, com lajes de carne branca no lugar das bochechas, que odiava cães e matava um a cada quinzena para arranjar uma cabeça nova para a sua insígnia; o Styr sem orelhas, Magnar de Thenn, que era considerado por seu povo mais deus do que homem; Varamyr Seis-Peles, um pequeno rato em forma de homem, cujo garanhão era um urso-das-neves branco e selvagem, que tinha quase quatro metros de altura quando ficava em pé nas patas traseiras. E onde quer que Varamyr e o urso fossem, três lobos e um gato-das-sombras seguiam-nos. Jon estivera em sua presença apenas uma vez, e uma vez fora o bastante; bastou ver o homem para se sentir irritado, ao mesmo tempo que o pelo no pescoço de Fantasma havia se eriçado quando o lobo avistou o urso e aquele grande gato preto e branco.

E havia gente ainda mais feroz do que Varamyr, vinda das regiões mais setentrionais da floresta assombrada, dos vales escondidos das Presas de Gelo e de lugares ainda mais estranhos: os homens da Costa Gelada, que seguiam em bigas feitas de ossos de morsa, puxadas por matilhas de cães selvagens; os terríveis clãs do rio de gelo, dos quais se dizia que se banqueteavam com carne humana; os habitantes das cavernas, com o rosto pintado de azul, roxo e verde. Jon contemplara com os próprios olhos os homens de Cornopé, que avançavam a trote, em coluna, sobre pés nus que tinham solas duras como couro fervido. Não tinha visto snarks nem grumequins, mas, até onde sabia, Tormund poderia ter alguns para comer no jantar.

Jon calculava que metade da tropa dos selvagens passara toda a vida sem ver a Muralha, nem que fosse de relance, e, entre esses, a maioria não sabia uma palavra do Idioma Comum. Não importava. Mance Rayder falava o Idioma Antigo, até cantava nele, dedilhando o seu alaúde e enchendo a noite com música estranha e selvagem.

Mance tinha passado anos reunindo aquela vasta e lenta tropa, falando aqui com uma mãe de clã e ali com um magnar, conquistando uma aldeia com palavras simpáticas, outra com uma canção e uma terceira com o gume da espada, fazendo a paz entre Harma Cabeça de Cão e o Senhor dos Ossos, entre os Cornopés e os Corredores da Noite, entre os homens-morsa da Costa Gelada e os clãs canibais dos grandes rios de gelo, fundindo uma centena de punhais diferentes numa única grande lança, apontada ao coração dos Sete Reinos. Não tinha coroa nem cetro, nem vestes de seda e veludo, mas para Jon estava claro que Mance Rayder era mais rei do que se assim fosse chamado.

Jon tinha se juntado aos selvagens por ordem de Qhorin Meia-Mão.

– Cavalgue com eles, coma com eles, lute com eles – dissera-lhe o patrulheiro, na noite antes de morrer. – E observe. – Mas, com toda a sua observação, pouco aprendera. Meia-Mão suspeitava que os selvagens tinham subido às desoladas e estéreis Presas de Gelo em busca de alguma arma, de algum poder, de algum terrível feitiço para derrubar a Muralha... mas, se tinham encontrado algo assim, ninguém andava se vangloriando abertamente do fato, nem o mostrava a Jon. E Mance Rayder tampouco tinha lhe confidenciado qualquer um de seus planos, qualquer parte de sua estratégia. Desde aquela primeira noite, quase não vira o homem, exceto a distância.

Перейти на страницу:
Нет соединения с сервером, попробуйте зайти чуть позже