Читаем A Fúria dos Reis полностью

– Um bom comandante conhece os seus homens, Tyrion. Alguns são bons para um trabalho, outros para outro. Tratar de um bebê, e ainda de colo, isso requer um tipo especial. Não era qualquer um que serviria. Mesmo que fosse só uma puta e a sua cria.

– Imagino que assim seja – Tyrion falou, ouvindo só uma puta, e pensando em Shae, e em Tysha, de muito tempo atrás, e em todas as mulheres que tinham recebido seu dinheiro e seu sêmen ao longo dos anos.

Slynt prosseguiu, absorto.

– Deem é um homem duro para um trabalho duro. Faz o que lhe pedem e, depois, nem uma palavra – o homem cortou uma fatia de queijo. – Isto é bom. Picante. Dê-me uma boa faca afiada e um bom queijo forte, e serei um homem feliz.

Tyrion encolheu os ombros.

– Aproveite enquanto pode. Com as terras fluviais em chamas e Renly rei em Jardim de Cima, bom queijo será em breve difícil de achar. Mas, então, quem o mandou atrás do bastardo da vadia?

Lorde Janos lançou a Tyrion um olhar cauteloso, depois riu e brandiu um triângulo de queijo na sua direção.

– É um astuto. Pensava que conseguiria me pegar, não é? É preciso mais do que vinho e queijo para fazer com que Janos Slynt diga mais do que deve. Orgulho-me disso. Nunca uma pergunta, e depois nunca uma palavra. Comigo é assim.

– Tal como Deem.

– Exatamente igual. Faça dele seu Comandante quando eu for para Harrenhal, e não se arrependerá.

Tyrion cortou um pequeno pedaço de queijo. Era realmente picante, e com veios de vinho; de primeiríssima linha.

– Vejo que, seja quem for que o rei nomeie, não terá vida fácil para se encaixar na sua armadura. Lorde Mormont enfrenta o mesmo problema.

Lorde Janos pareceu confuso.

– Pensava eu que era uma senhora. Mormont. A que vai para a cama com ursos, é essa?

– Era do irmão dela que eu falava. Jeor Mormont, o Senhor Comandante da Patrulha da Noite. Quando o visitei na Muralha, confidenciou-me como o preocupava encontrar um bom homem para tomar o seu lugar. A Patrulha recebe tão poucos homens bons hoje em dia – Tyrion deu um sorriso. – Imagino que ele dormiria melhor se tivesse um homem como você. Ou o valente Allar Deem.

Lorde Janos rugiu.

– Há pouca chance de isso acontecer!

– É o que parece – Tyrion devolveu. – Mas a vida realmente dá reviravoltas estranhas. Pense em Eddard Stark, senhor. Não acredito que ele alguma vez tenha imaginado que sua vida terminaria nos degraus do Septo de Baelor.

– Muito pouca gente imaginava tal coisa – Lorde Janos concordou, com um risinho.

Tyrion também soltou um risinho.

– Pena que eu não estivesse lá para ver. Dizem que até Varys foi surpreendido.

Lorde Janos riu tanto que sua barriga tremeu.

– A Aranha – ele disse. – Sabe tudo, dizem. Bem, aquilo não sabia.

– E como poderia? – Tyrion colocou o primeiro indício de frieza na voz. – Tinha ajudado a persuadir minha irmã de que Stark devia ser perdoado, na condição de vestir o negro.

– Hã? – Janos Slynt piscou com uma expressão vaga.

– Minha irmã, Cersei – Tyrion repetiu, com uma voz um tantinho mais forte, caso o idiota tivesse alguma dúvida sobre a quem se referia. – A Rainha Regente.

– Sim – Slynt bebeu um trago. – Quanto a isso, bem… O rei ordenou, senhor. O rei em pessoa.

– O rei tem treze anos – lembrou-lhe Tyrion.

– Mesmo assim. Ele é o rei – a papada de Slynt tremeu quando franziu a testa. – O Senhor dos Sete Reinos.

– Bem, pelo menos de um ou dois deles – Tyrion o corrigiu com um sorriso amargo. – Posso ver a sua lança?

– Minha lança? – Lorde Janos pestanejou, confuso.

Tyrion apontou.

– O broche que prende a sua capa.

Hesitante, Lorde Janos tirou o ornamento e o entregou a Tyrion.

– Temos ourives em Lanisporto que fazem trabalho melhor – ele opinou. – O esmalte vermelho do sangue é um pouco exagerado, se me permite. Diga-me, senhor, foi você mesmo quem espetou a lança nas costas do homem, ou se limitou a dar a ordem?

– Dei a ordem, e daria de novo. Lorde Stark era um traidor – o ponto calvo no meio da cabeça de Slynt estava da cor de beterraba, e sua capa de pano dourado tinha deslizado dos ombros para o chão. – O homem tentou me comprar.

– Nem sonhava que já tinha sido vendido.

Slynt bateu com a taça de vinho na mesa:

– Está bêbado? Se pensa que vou ficar aqui sentado ouvindo minha honra ser questionada…

– E que honra é essa? Admito, faz negócios melhor do que Sor Jacelyn. Um título e um castelo por uma lança espetada nas costas, e nem sequer precisou pegar na lança – Tyrion atirou o ornamento dourado na direção de Janos Slynt. O objeto bateu no seu peito e tilintou no chão, enquanto o homem se punha de pé.

– Não me agrada o tom da sua voz, lor… Duende. Sou o Senhor de Harrenhal e um membro do conselho do rei. Quem é você para me castigar assim?

Tyrion inclinou a cabeça para o lado:

– Acho que sabe bastante bem quem eu sou. Quantos filhos tem?

– O que importam meus filhos para você, anão?

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