– Não. Nega seu sexo? Se assim for, desate essas calças e mostre-me. – Dirigiu-lhe um sorriso inocente. – Poderia pedir que abrisse seu corpete, mas, olhando para você, julgo que isso não provaria grande coisa.
Sor Cleos queixou-se.
– Primo, lembre-se da boa educação.
Tinham todos prestado uma boa dose de juramentos naquela cela, principalmente Jaime. Foi o preço que a Senhora Catelyn exigiu por perdê-lo. Ela encostara a ponta da espada da garota grande no coração de Jaime e disse:
– Jure que não voltará a pegar em armas contra Stark ou Tully. Jure que forçará seu irmão a honrar sua promessa de devolver as minhas filhas em segurança e incólumes. Jure por sua honra como cavaleiro, por sua honra como Lannister, por sua honra como Irmão Juramentado da Guarda Real. Jure pela vida de sua irmã, e pela de seu pai e de seu filho, pelos deuses antigos e novos, e eu vou enviá-lo de volta à sua irmã. Recuse, e farei seu sangue correr. – Lembrava-se do aço espetando através dos farrapos que usava quando ela torcera a ponta da espada.
– Talvez ela não seja assim tão burra, afinal – disse em voz alta.
Sua captora compreendeu-o mal.
– Não sou burra. Nem surda.
Mostrou-se gentil para com ela. Caçoar daquela mulher seria tão fácil que não traria qualquer divertimento.
– Estava falando comigo, não contigo. É um hábito fácil de se adquirir numa cela.
Ela olhou-o com a testa franzida, empurrando os remos para a frente, puxando-os para trás, empurrando-os para a frente, sem nada dizer.
– Por sua maneira de falar, julgaria que você é de nascimento nobre.
– Meu pai é Selwyn de Tarth, pela graça dos deuses, senhor do Entardecer. – Até aquilo foi dito de má vontade.
– Tarth – disse Jaime. – Um rochedo horrivelmente grande no mar estreito, se bem me lembro. E o Entardecer está juramentado a Ponta Tempestade. Como é que você serve Robb de Winterfell?
– Quem eu sirvo é a Senhora Catelyn. E ela ordenou-me que o entregasse a salvo ao seu irmão Tyrion em Porto Real, não que trocasse palavras com você. Fique em silêncio.
– Já tive minha dose de silêncio, mulher.
– Então fale com Sor Cleos. Não converso com monstros.
Jaime soltou um grito.
– Há monstros por aqui? Escondidos debaixo da água, talvez? Naquele bosque de salgueiros? E eu sem a minha espada!
– Um homem capaz de violar a própria irmã, matar seu rei e atirar uma criança inocente para a morte não merece outro nome.
– Será cortês no que toca a Cersei, mulher – avisou-a.
– Meu nome é Brienne, não
– Que te importa como um monstro a chama?
– Meu nome é Brienne – repetiu, obstinada como um cão de caça.